quinta-feira, 14 de maio de 2009

Normal é ser sincero

É só nascer no Brasil pra achar que tudo quanto é malandragem é normal. Dar uma traidinha numa festa, dar uma coladinha numa prova, dar uma furadinha na fila, etc. A gente nem se assusta mais com o que vê e, por se “acostumar” com certas coisas, esquecemos quem somos, esquecemos nossos valores ensinados quando éramos crianças ainda.

Quando casei pela primeira vez, assumi esse meu “costume” da malandragem e parti a minha relação do princípio que seria traída mais cedo ou mais tarde. Assumi a “verdade” de que trair era normal entre os homens para que, em primeiro lugar, não ficasse furiosa caso algo acontecesse e, em segundo lugar, não me tornasse uma pessoa ciumenta que quisesse saber de todos os passos do marido já que a traição era inevitável.

Quando me mudei pra Europa, solteira novamente, e conheci outras culturas, percebi meu grande equívoco. Homens e mulheres infiéis existem em toda a parte do mundo, mas isso nunca poderia ser considerado uma regra para os homens europeus. Claro que não, isso é só mais um “costume” brasileiro!

Há uns dias atrás, um cara que eu fiquei na minha solteirice (e que por acaso hoje TEM namorada) estava insistindo para eu sair com ele, pelo MSN. Foram horas de conversa, porque eu, tentando não ser rude nem bloqueá-lo (até porque a minha família conhece ele e vai que eu o encontro por acaso), ficava tentando explicar a situação pra ele. Ele queria me convidar para tomar um café para que ele pudesse ME PROVAR (essas foram as palavras, daí-me paciência...) como ele é gente boa, para que possamos ser amigos “novamente”. Pausa. Novamente?? Mas eu nunca fui amiga dele!! Achei ele só bonito e simpático e quis conhecê-lo melhor na horizontal depois, pois eu andava muito tensa e meu brinquedinho de borracha não tava dando conta na época. Nem quis saber de repeteco, o cara não tinha nada a ver comigo. Eu já tava de saco cheio daquela conversa no MSN, mas fui adiante para ver no que ia dar. Perguntei pro cara o que diria pro meu marido. Que ia me encontrar com um ex-ficante? Não acho que ele fosse gostar da idéia. Daí ele me sugeriu que não dissesse nada, ou que éramos apenas amigos, sugerindo pra eu fazer escondido ou largar uma mentira (mentir é tãaaooo normal, me esqueço sempre...). Daí, eu soltei essa, morrendo de rir na frente do meu laptop: “Posso levar o meu marido, então? Tipo, se não é nada de mais, não tem por que esconder.

Acho que esse não incomoda mais.

Resumindo toda essa salada de fruta aí de cima, acho que não devemos esquecer de nossos valores. Ser sinceros com nós mesmos. Não é porque eu fui casada com um cara legal e trabalhador que eu necessariamente precisava ser feliz. Não é porque “não tem nada demais” que eu vou falar uma mentirinha. Me lembrei até do velho dono da padaria que sempre roubava no troco. Aposto que não ficou rico por causa disso, nem mais feliz. E traição...A traição, falta de respeito e outros palavrões é o começo do fim. É que alguma coisa vai muito mal. Não é “normal”.

E "Só de sacanagem", a Ana Carolina também acha.

2 comentários:

  1. É o anônimo de novo.
    Alexia sempre tive uma sensação um pouco diferente ( por se tratar de um homem,lógico). A traição é um problema do outro. Explico, se ela me trai, o problema é dela ,não meu!!! Mas de onde é que veio isto? Posso te garantir que é da absoluta certeza que não pertencemos a ninguem, que o meu "estar ao lado de " difine com quem eu quero realmente me relacionar, e isto inclui evidentemente se quero ou não me relacionar com uma mulher que tem relacionamento sexual com outras pessoas. De toda forma o problema básico do ciúmes, que é basicamente posessão, desaparece. Desaparece também a sensação de ser traído ( corno). Como assim ? Quem se traiu foi ela mesmo em relação ao compromisso que tinha comigo. Ok, se não sou suficiente para ela, tá bom . Ela que vá adiante, quem sabe com alguem que tenha mais interesses comuns ou sei lá o que.
    Dra , será que é uma defesa minha?
    Tem um probleminha aí, só fui traído (acho ) uma vez , e mesmo assim num período que estava separado...sei lá. Bom, fica meu recado. Também acho que é falta de respeito, mas principalmente em relação a si mesmo.
    Pensando bem , é uma tremenda sacanagem, ou só eu que sou louquinho ( será que sofro de amor romantico ?- ler "Camas na Varanda")
    Uma tremenda sacanagem consigo mesmo, é entender o mundo da seguinte forma: Ah, e daí que sou casado(a) a vida é assim mesmo, e se ninguem souber , que mal tem... tá entendendo?
    É pisotear em cima dos sentimentos próprios. Duvido que alguem não tenha pelo menos o desejo de ter um amor de verdade, de papel passado ou não. Se não é esse teu amor, então toca adiante , vai deixar essa mulher ser feliz com alguem , meu amiguinho...

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  2. Concordo plenamente, meu caro.Nada a acrescentar nesse seu fabuloso post que disse tudo! E é acreditando nessas palavras que as mulheres podem aprender a viver sem o ciúme. Grande abraço!

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